Cleusa Silva: a mulher que faz bolos

11/01/2023

10min

Cleusa enfrentou as dificuldades da vida e, depois que aprendeu a fazer bolos, nunca mais parou. Hoje, a famosa Sodiê Doces já possui mais de 300 lojas no Brasil.

Cleusa Maria da Silva é um verdadeiro fenômeno como empreendedora. Ex-boia fria e ex-empregada doméstica, abriu a primeira loja da Sodiê Doces em 1997 e agora já são mais de 300 da maior franquia especializada em bolos artesanais no Brasil. Conheça um pouco mais sobre essa história nessa entrevista exclusiva concedida ao Atacadão.

A história parece simples, mas só parece. Em meados da década de 1990, Cleusa Maria da Silva trabalhava em uma indústria cuja esposa do patrão fazia bolos para fora. Até que a senhora teve um problema de saúde e pediu para que Cleusa a ajudasse. Depois, acabou optando por parar o negócio, mas deixou que ela continuasse.

Cleusa seguiu assim, fazendo bolos – que levava aos clientes a pé – e aprimorando as receitas, com a ajuda de sua mãe.

A primeira loja

Em 1997, ela abriu uma pequena lojinha chamada Sensação Doces, na cidade de Salto, pertinho de Itu, no interior de São Paulo. Junto com os bolos, teve a ideia de colocar à venda balas de leite Ninho, cuja receita foi aprendida, vejam só, em um programa de TV.

Aos poucos, o negócio foi crescendo e quatro anos depois, ela mudou para uma loja de 80m². Com o tempo, tendo como sócios irmãos e ex-funcionários, Cleusa abriu outras lojas, em cidades próximas como a própria Itu, além de Sorocaba, Americana e Indaiatuba.

Depois de 10 anos de muito trabalho, em 2007 a Sodiê virou franquia — termo que Cleusa nem conhecia — quando um cliente a questionou sobre o assunto. Mas ela foi atrás para saber do que se tratava, fez cursos e pesquisas durante cinco anos e abriu a primeira, na capital paulista, através, justamente, desse cliente.

Hoje já são mais de 300 lojas da marca espalhadas por vários estados do Brasil. E não para por aí.

A Sodiê já é internacional

A Sodiê Doces já inaugurou sua primeira operação fora do país, em Orlando, nos EUA, na famosa International Drive. A loja oferece diversos sabores brasileiros e locais para os clientes.

Os bolos Sodiê, produzidos com mais de 100 variedades de coberturas e recheios, são elaborados à base de pão de ló, matéria-prima de primeiríssima qualidade e frutas frescas. O cliente pode encomendar o bolo inteiro ou degustar na própria loja, que também trabalha com o sistema de fatias. Capazes de conquistar todos os paladares, eles ainda têm um preço muito acessível, além de uma linha Zero Açúcar.

Conheça nesta entrevista concedida com exclusividade ao Atacadão, um pouco mais sobre a história e as ideias da empresária de sucesso Cleusa Silva contadas por ela mesma. 

Dona Cleusa, hoje a Sodiê Doces já tem mais de 300 lojas vendendo bolo em todo o Brasil e a primeira pergunta realmente não poderia ser outra: como é que a senhora conseguiu isso?

“Desde os meus nove anos, eu ajudava meus pais na roça, num sítio em Bandeirantes, no Paraná. Eu tinha mais nove irmãos. Um dia, meu pai foi comigo e um irmão comprar carne para o almoço, e numa curva da estrada, o carro que estávamos capotou e meu pai faleceu no acidente. Sem o homem da família, o dono do sítio achou que não tínhamos mais serventia e nos mudamos para a cidade.”

“Eu tinha 13 anos na época e na cidade de Salto (SP), nós repetimos a história da família, como a terceira geração de bóias-frias. Até que aos 17, um tio perguntou se alguém queria ir com ele para São Paulo e só eu aceitei. Fui trabalhar na linha de produção de uma fábrica de alto-falantes e passei a ajudar a esposa do dono da empresa, dona Rosa, a fazer bolos.”, ela conta como tudo começou.”

“Trabalhava de dia na fábrica e passava as madrugadas fazendo bolos. Como eu estava cansada fisicamente, tive que escolher entre a fábrica ou fazer bolos, e escolhi os bolos. O meu maior sonho era tirar a minha mãe do corte de cana e dar uma casa para ela. E eu consegui. Escolher os bolos não foi tão fácil, pois eu tinha medo. Com o dinheiro da minha rescisão e do meu irmão, comprei uma pequena vitrine, duas mesas e aluguei um espaço de 20m², perto da minha casa, com o nome de Sensação Doces.”

“Eu fazia os doces em casa e montava a vitrine pela manhã. Foi uma dificuldade manter a loja aberta. Muitas vezes eu não vendia um bolo sequer. Por dois anos o dinheiro que eu ganhava com a venda, permitia apenas que a operação continuasse. O movimento no ponto de venda de 20m² veio aos poucos. Não trocava produtos e trabalhava em cima de qualidade e preço. Sempre apostei que ganharia com volume, mas nunca imaginei chegar onde cheguei. Até que um dia, um cliente que morava na capital e que sempre vinha comprar bolo comigo, me perguntou se eu não queria abrir uma franquia em São Paulo.” 

“Como eu não tinha ideia do que era uma franquia, vim para São Paulo, na feira da ABF e voltei com muitos livros e material para entender melhor do assunto. E aí falei para este meu cliente que ele seria o meu primeiro franqueado. Abrimos a primeira loja em franquia na Vila Guilherme. E a expansão do negócio começou dez anos depois da abertura dessa loja. O grande desafio é a conscientização dos franqueados para manter a qualidade e padronização das lojas. Nós investimos muito na qualidade dos bolos, pois acreditamos que o sabor conquista nosso público”, afirma. 

A Sodiê deve ter representado uma grande mudança em sua vida. O que mudou na sua cabeça?

“Aprendi que nunca devemos desistir na primeira dificuldade. Tenho muito envolvimento com o meu negócio, coloco a mão na massa. Foco sempre na qualidade do produto, pesquiso o mercado e, fundamentalmente, trabalho muito.”

Como é a estrutura da empresa hoje? Continuam os mesmos sócios?

“Hoje tenho como sócios irmãos e ex-funcionários. Atualmente, temos mais de 300 lojas espalhadas por todo o país.” 

Quais são os verdadeiros segredos da Sodiê Doces? É o produto? É o atendimento? É a malha de lojas? A senhora tem ideia de diversificar a linha de produtos?

“A marca já está consolidada, o que facilita o reconhecimento do público com relação ao produto e sua qualidade. Porém, como em todo negócio, não existe segredo, é preciso empenho, dedicação e muito trabalho. O setor é considerado de alta complexidade o que exige muito mais atenção do franqueado e dos nossos colaboradores.”

“As lojas oferecem bolos com mais de 100 sabores. Alguns sabores da vitrine são a pronta entrega. Bolos maiores podem ser feitos por encomendas e alguns sabores podem ser produzidos em menos de uma hora. A marca trabalha também com a linha Zero Açúcar. Além disso, oferecemos docinhos, tortas, café e sucos, e agora, salgados da marca Sodiê Salgados”, completa.

E onde entra o cliente nessa história? Nos fale sobre a importância do cliente

“Olhe, o cliente é a razão de todo o nosso trabalho. Nós só trabalhamos com produtos de qualidade e queremos ser sempre capazes de conquistar todos os paladares com um preço muito acessível.”

E qual o futuro da Sodiê? Para onde ela está caminhando? Quais são os seus próximos passos?

“Agora, queremos expandir os negócios nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste nas cidades com mais de 85 mil habitantes. E já neste primeiro semestre de 2019, daremos um passo muito importante para a marca. Estamos inaugurando nossa primeira operação fora do País, na cidade de Orlando, nos Estados Unidos.”

Para finalizar, uma pergunta que temos feito a todos os nossos entrevistados: e o Brasil? Como a senhora vê o Brasil de hoje? O Brasil tem jeito?

“Claro que sim! Claro que tem jeito! Eu sou uma eterna otimista. Acredito no Brasil e no povo brasileiro”, conclui.

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